quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ah Se Eu Fosse Uma Toupeira!


Para que servem os olhos se, socadas na terra a vida toda? Cegas da calamidade humana. Iluminadas pela escuridão divina ante as frivolidades do homem. Eu que, irreversivelmente humano, e que, afortunadamente pouco míope, vejo, triste, humanos esbanjando humanidade.

Com seus (muy bien definidos) conceitos de autossuficiência e de fodessência aos demais que compartilham da espécie, bradando: “Tem mais é que se foder!” – Qualquer um e todo mundo, eles dizem: “Têm mais é que se foder!” – “Menos eu! Eu não mereço me foder nem fodendo!”.

Penso nas formigas em fila, nas hienas em bando, nas araras monogâmicas e, PORRA, tanto bicho se autocooperando e fui logo evoluir à espécie mais autocêntrica do planeta? Amebe-me! Planarie-me, ou, mamiferamente (que adoro leite), touperize-me! Me cave um buraco e deixa!

Deixa que lá embaixo tomo rumo. E vou longe. Cavo adiante e profundo, distante das guerras e disputas que dividem minha espécie prima. Aquém das estupidezas que definem meu reino, classe, filo, ordem e etc. Me permita levantar a fuça aos berros: “Eu sou uma toupeira!”. E é só!

Tem gente humana querendo megasena. Gente em busca de uma medalha de ouro e, gente desejando ser melhor do mundo nalguma coisa. Mas quem melhor que um igual a não ser que, exclusivamente, mais dedicado? E se próprio suor, só mérito pessoal e, nunca, demérito alheio.

Triste é o homem que crê na ilusória sapiência do poder infindável. Com aquela clarividência arrogante dos deuses. Formigas, hienas e araras reconhecem-se formigas, hienas e araras. Nós não. Nós, simplesmente, não nos reconhecemos. Ah se eu, cego, fosse apenas uma toupeira!

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