Para que servem os olhos se, socadas
na terra a vida toda? Cegas da calamidade humana. Iluminadas pela escuridão
divina ante as frivolidades do homem. Eu que, irreversivelmente humano, e que, afortunadamente
pouco míope, vejo, triste, humanos esbanjando humanidade.
Com seus (muy bien definidos)
conceitos de autossuficiência e de fodessência aos demais que compartilham da
espécie, bradando: “Tem mais é que se foder!” – Qualquer um e todo mundo, eles
dizem: “Têm mais é que se foder!” – “Menos eu! Eu não mereço me foder nem
fodendo!”.
Penso nas formigas em fila,
nas hienas em bando, nas araras monogâmicas e, PORRA, tanto bicho se autocooperando
e fui logo evoluir à espécie mais autocêntrica do planeta? Amebe-me!
Planarie-me, ou, mamiferamente (que adoro leite), touperize-me! Me cave um
buraco e deixa!
Deixa que lá embaixo tomo
rumo. E vou longe. Cavo adiante e profundo, distante das guerras e disputas que
dividem minha espécie prima. Aquém das estupidezas que definem meu reino,
classe, filo, ordem e etc. Me permita levantar a fuça aos berros: “Eu sou uma
toupeira!”. E é só!
Tem gente humana querendo
megasena. Gente em busca de uma medalha de ouro e, gente desejando ser melhor
do mundo nalguma coisa. Mas quem melhor que um igual a não ser que, exclusivamente,
mais dedicado? E se próprio suor, só mérito pessoal e, nunca, demérito alheio.
Triste é o homem que crê na
ilusória sapiência do poder infindável. Com aquela clarividência arrogante dos
deuses. Formigas, hienas e araras reconhecem-se formigas, hienas e araras. Nós
não. Nós, simplesmente, não nos reconhecemos. Ah se eu, cego, fosse apenas uma
toupeira!
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