terça-feira, 12 de novembro de 2013

Post Mortem


Tenho uma estranha relação com a idolatria. De aversão, quero dizer. Sinto, aliás, uma enorme desnecessidade em admirar qualquer dito cujo por quaisquer que sejam seus feitos na Terra. Mas me refiro, exclusivamente, aos massissamente admiráveis (da TV, internet, palcos e discos).

Uma pura mesquinhez, não hesito em confessar. Inveja grossa dos que chegam lá e agarram, com garras afiadas, os sonhos que são também meus. E que morrem sonhos, em mim. Aí dou pouca importância mesmo. Apenas pela arrogância de não ser eu, brilhando lá, no mundo real.

Já aos mais próximos, é justo dizer, guardo genuína simpatia quando das próprias realizações. E não por que estive lá, acompanhando de perto o que pretendiam fazer e fizeram, mas, por que estive lá, torcendo em ser alguma nota de rodapé na biografia, pela colossal influência exercida.

Aqui dentro, jovens, do lado de onde encaixoto sonhos que não realizo, dou confortável morada a uma criança insegura e egocêntrica, desesperada por atenção. Que se ampara comensal, feito rêmora faminta, no sucesso alheio. Afinal, claro, preguiçosa demais para si. Graças, amigos!

Aí eles morrem! Não, não os amigos! Esses firmes e jovens e fortes (mesmo os enfermos), mas, as celebridades. Essas, invariavelmente, morrem. E só então sou capaz de reconhece-los mito. Como Reed, por exemplo, meu mais novo ídolo Post Mortem. E levei só quinze anos para ceder.


Por que desde sempre esteve lá a banana wahroliana. E eu preferi outras coisas. Coisas tão menos sinceras que o Velvet. E que Lou Reed. Coisas, as vezes, tão estúpidas e vazias. Lou deu sua vida por coisas boas. Eu devia ter dado conta antes. Antes dele dar ao mundo, sua morte.

Lou Reed * 1942 - 2013

Nenhum comentário: