Tenho uma estranha relação com
a idolatria. De aversão, quero dizer. Sinto, aliás, uma enorme desnecessidade em
admirar qualquer dito cujo por quaisquer que sejam seus feitos na Terra. Mas me
refiro, exclusivamente, aos massissamente admiráveis (da TV, internet, palcos e
discos).
Uma pura mesquinhez, não
hesito em confessar. Inveja grossa dos que chegam lá e agarram, com garras
afiadas, os sonhos que são também meus. E que morrem sonhos, em mim. Aí dou
pouca importância mesmo. Apenas pela arrogância de não ser eu, brilhando lá, no
mundo real.
Já aos mais próximos, é justo
dizer, guardo genuína simpatia quando das próprias realizações. E não por que
estive lá, acompanhando de perto o que pretendiam fazer e fizeram, mas, por que
estive lá, torcendo em ser alguma nota de rodapé na biografia, pela colossal influência
exercida.
Aqui dentro, jovens, do lado
de onde encaixoto sonhos que não realizo, dou confortável morada a uma criança insegura
e egocêntrica, desesperada por atenção. Que se ampara comensal, feito rêmora faminta,
no sucesso alheio. Afinal, claro, preguiçosa demais para si. Graças, amigos!
Aí eles morrem! Não, não os
amigos! Esses firmes e jovens e fortes (mesmo os enfermos), mas, as
celebridades. Essas, invariavelmente, morrem. E só então sou capaz de reconhece-los
mito. Como Reed, por exemplo, meu mais novo ídolo Post Mortem. E levei só quinze anos para ceder.
Por que desde sempre esteve lá
a banana wahroliana. E eu preferi outras coisas. Coisas tão menos sinceras que
o Velvet. E que Lou Reed. Coisas, as vezes, tão estúpidas e vazias. Lou deu sua
vida por coisas boas. Eu devia ter dado conta antes. Antes dele dar ao mundo, sua
morte.
Lou Reed * 1942 - 2013
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