Recuperava-se da primeira metade
do dia mastigando, com dificuldade, um sanduíche frio. Concluiu que tudo era
números. O mundo andava tão calculado e frívolo que a vida tinha se tornado
mecânica e, o ser humano, convertido, finalmente, em máquina. E engasgou.
Seu sanduíche de baixas
calorias parecia pesado, e tinha um gosto amargo. Seu terno de linho, de milhares
de dólares, queimava seu peito e, a gravata de grife o estrangulava. A pressão
subiu e já era hora de voltar ao pregão. “É tudo números!”, reiterou enquanto a
bolsa despencava.
Bilhões foram para o ralo naquela
fatídica manhã. Dólares e pessoas. Alguns poderosos, milhares de acionistas,
milhões de operários. E Jesse. Jesse faliu meia América com uma única decisão. “São
só números...” – Amenizou. “É tudo números!” – Confirmou, implacável, o ex-chefe.
Da rua, assistiu seus
semelhantes indo e vindo de cabeça baixa, apressados. Imersos em seus aparelhos
eletrônicos multifuncionais. Apenas ciborgues, desconectados da dilacerante
angústia de Jesse que, rompendo o protocolo, mirou a imponente escultura
metálica à sua frente.
Mergulhou de cabeça,
violentamente, nas nádegas maciças do touro que exibia seus lustrosos bagos de
metal, e explodiu o crânio em mais de três toneladas de puro bronze. Aterrizou
agonizante, em seguida, jorrando seus miolos pela tumultuada Wall Street.
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