sexta-feira, 12 de julho de 2013

A Metade Exata



Tenho quase certeza de envelhecer na exata metade do tempo do corpo. E dessa vez não divago sobre a velhice, mas, sobre a juventude. Uma juventude pura e tão mais forte que as fibras e os músculos, pois, justamente, transcende o corpo que não hesita em se esvair.

Sim, os cabelos brancos e precoces que despontam daninhos por minhas têmporas não negam que a carcaça débil segue seu fluxo previsto. Só que a cabeça, nossa, essa é menina virgem e boba! Pré-adolescente. Esbaldo-me em erros e anseios juvenis, apesar dos trinta.

Porque quinze, se é que me entendem! Meu mundo de dentro gira a quarenta e oito horas por dia. Isso em dias agitados! Tem dias que a desproporção é maior ainda, pois, o corpo dura nem seis horas. Quando vejo, nem vi passar. O tempo só faz definhar o corpo e morremos...

Morremos de corpo, naturalmente. Com a cabeça assistindo, indefesa, que a vida acabou. Aos cem anos, se sãos, seremos jovens ainda. Porque cinquenta, no máximo. E quando digo que envelheço na metade do tempo, peço suas mãos e companhia, pois, todos nós juntos.

Não conheço um que vinte anos aos vinte, sessenta aos sessenta e, enfim... Somos metade do que vivemos, e sempre seremos. Penso no desespero de ter trinta anos. Corpo e cabeça, simultaneamente. Velho e chato, sem sombra de dúvidas. Quem é que quer uma vida dessas?

Acabo de debutar, jovens! Jovem! Na flor da idade e, apesar das sucessivas sessões de fisioterapia, jovem! Curioso e medroso da vida. Sem rusgas. Pai das minhas estripulias e menino outorgado ao erro. Vivendo a vida que me cabe. Caprichosamente, pela metade.

Um comentário:

Mixirica disse...

Um brinde a você, caríssimo! Mas com água apenas... pq se jovem é, nada de álcool por enquanto... só por enquanto...