Temos uma urgência absurda
para o mundo. As coisas todas que acontecem em todo o canto. Dispomos de toda essa
tecnologia irrefreável e informativa, que deveria nos beneficiar mas que, pela
inversão de valores, supre mais uma carência individual que educa ou promove.
Retrocedemos, caros colegas!
Na pressa de absorver multimídicamente as informações que o mundo oferece, nos
tornamos preguiçosos. É tanta novidade que já não fazemos qualquer esforço à
descoberta. Recebemos no colo flácido tudo o que acontece por aí. Bom e ruim.
Por celular, por e-mail, na
capa dos portais. O mundo anda virtual demais (bem como esse texto). Vamos sequer
às bancas. Enciclopédias são arcaicas. Até bocejo já virou app de iphone.
Confiamos tanto na pressa do mundo moderno que abdicamos da nossa urgência intelectual.
Alienados de nós mesmos.
Desenvolvemos (sob aplausos) a ferramenta que nos exime da responsabilidade da
criação. Robotize! Para ter mais tempo para você, crie uma máquina capaz de
criar o que te cabe criar. E vá picoletear na praça. Tutti-frutize sua
existência, jovem!
Que nosso futuro é binário. E
nossa cultura, reflexo imediato de como evoluímos cotidianamente. Se
mecanizamos o desabafo do coração e delegamos a urgência da criação, só nos
resta um futuro mecânico e frio. Lambuzado de WD-40 (que poucos conhecem a
origem).
A verdade é que, nesse mundo
de polivalências verdadeiras, já não há nenhuma verdade absoluta. Acreditamos
em tudo ao mesmo tempo em que desconfiamos de todos. Subvertemos valores em um
piscar de olhos e, nessa velocidade da luz, acabaremos no escuro.
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