Riscam no azul do céu mil pombas
brancas. Vejam só, é a paz! Voam alto, polvorosas e ruidosas, despejando em
nossas cabeças quilolitros de um excremento cremoso e adocicado. Um saboroso pudim!
Esse néctar consistente, firme e etílico, explodindo nas nossas cabeças.
Anestesiando o frenesi da
insustentabilidade emocional que a vida do dia nos dá. A vida do dia é um porre
sóbrio! Cerveja quente e sem álcool. Paz a gente tem longe da vida. Longe do
dia. A dia. Paz, só temos quando sem problemas, e, sem problemas, podem
apostar, só sem vida.
Há muito tempo, li sobre monges
tibetanos em paz. E vi um monge tibetano em chamas. Reli sobre os monges
tibetanos em paz e, em transe! Aí sim! Chapados da dedicação a um
transcendentalismo impenetrável, pois, uma vez penetrado, inflamável! Não
julgo, juro!
Eu vivo! Fugindo dos
problemas, mas, enquanto vivo, cheio de problemas. Que se alimentam da minha
vida, que se impulsiona por fugir deles. Círculo vicioso! Vida é isso, círculos
e vícios. Álcool e pombas cagonas. A fé e a devoção, na ordem exata e
precisamente inversa da coisa.
Busco no céu aquilo que a Terra
não me dá. Aí me cagam na cabeça! Terra: O meio caminho entre o céu e o inferno,
a brincadeira de mau gosto mais antiga. Início dos tempos e, quem em paz?
Neandertais e Fenícios. Crises que derrubam (morais, existenciais), mas, enchem
de vida.
Que vida é superação de crise.
E o que é bom mora aí, na crise que ficou para trás. Brindo às crises, disserto
às pombas. Bêbado, eu fico em paz. E como cocô! Acredito na paz, como creio no
último suspiro. Enquanto isso, voam no céu mil pombas brancas e seus intestinos
soltos.
2 comentários:
Comeu cocô?
Ahahahah!
Você é demais baiano!
Muito bom! também, apesar dos anos vividos, tenho essas inquietações!E o que é pior, com você diz, cagada de pombas, muitas pombas, alimentadas por inconsequentes que não sabem da consequências de tê-las!
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