segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Miro nas Pombas



Riscam no azul do céu mil pombas brancas. Vejam só, é a paz! Voam alto, polvorosas e ruidosas, despejando em nossas cabeças quilolitros de um excremento cremoso e adocicado. Um saboroso pudim! Esse néctar consistente, firme e etílico, explodindo nas nossas cabeças.

Anestesiando o frenesi da insustentabilidade emocional que a vida do dia nos dá. A vida do dia é um porre sóbrio! Cerveja quente e sem álcool. Paz a gente tem longe da vida. Longe do dia. A dia. Paz, só temos quando sem problemas, e, sem problemas, podem apostar, só sem vida.

Há muito tempo, li sobre monges tibetanos em paz. E vi um monge tibetano em chamas. Reli sobre os monges tibetanos em paz e, em transe! Aí sim! Chapados da dedicação a um transcendentalismo impenetrável, pois, uma vez penetrado, inflamável! Não julgo, juro!

Eu vivo! Fugindo dos problemas, mas, enquanto vivo, cheio de problemas. Que se alimentam da minha vida, que se impulsiona por fugir deles. Círculo vicioso! Vida é isso, círculos e vícios. Álcool e pombas cagonas. A fé e a devoção, na ordem exata e precisamente inversa da coisa.

Busco no céu aquilo que a Terra não me dá. Aí me cagam na cabeça! Terra: O meio caminho entre o céu e o inferno, a brincadeira de mau gosto mais antiga. Início dos tempos e, quem em paz? Neandertais e Fenícios. Crises que derrubam (morais, existenciais), mas, enchem de vida.

Que vida é superação de crise. E o que é bom mora aí, na crise que ficou para trás. Brindo às crises, disserto às pombas. Bêbado, eu fico em paz. E como cocô! Acredito na paz, como creio no último suspiro. Enquanto isso, voam no céu mil pombas brancas e seus intestinos soltos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Comeu cocô?
Ahahahah!
Você é demais baiano!

Diva disse...

Muito bom! também, apesar dos anos vividos, tenho essas inquietações!E o que é pior, com você diz, cagada de pombas, muitas pombas, alimentadas por inconsequentes que não sabem da consequências de tê-las!