Quero poder escolher, sabe?
Ando meio em falta com o poder da escolha. Aquela situação definitivamente
minha em que, irrevogavelmente, decido: Não!; Sim!; com a exclamação da
autoridade que me cabe. O direito meu! O par de colhões, na altura das coxas, que
outorga.
Tenho andado meio eunuco,
quando o assunto é escolhas. E por escolhas, me refiro a decisões. Tomar rumo
das coisas. A vida é uma só, gente boa, e meu conselho é que se oponham a mim.
Nessa falta de coragem, se oponham! Daquilo que faço da vida, se esgueire!
Que faço nada. Espectador sedentário
e widescreen. Pipoqueiro lambuzado de manteiga. Peço pelo incansaço, mas,
esgotado, durmo. Num olho de cada vez, desperto cabreiro, esperando que a
tormenta tenha se dissolvido. Não se dissolve! Espera que eu desperte e me
aperta.
Me estrangula na goela e
encurrala: “Vai ser sempre fácil assim? Te espremo e te dreno e você... nada?”
– Eu, nada, jovens! Desce sol e desce lua, sobe um de cada vez. Na minha cara
(de pau e de babaca) brilha apenas o óleo da manteiga. Liso e reluzente. A pura
gordura-trans.
Como se me dissesse que o
caminho mais fácil é o melhor, que, afinal, é o que estou e que, por já estar,
distancia-me do melhor caminho. Um caminho alternativo longe de ser fácil e,
por isso e pela manteiga, longe de ser caminho. A insegurança que me move, e
que me remove a paz.
Penso apenas em tomar decisões,
mas, acabo tomando um drink. Que amortece e posterga o caos. De cutucar o
vespeiro com a vara curta da incerteza. Alcoolizado, as picadas doem nada. Tomo
mais um drink, pois, escolher entre o melhor e o mais fácil é treta que me
transpassa!
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