quinta-feira, 19 de junho de 2014

Tic-tac Grão de Areia


O tempo é, sem dúvida, o mais cruel dos tipos. Irreparável e vil, na cadência das luas que vêm e vão (coadjuvantes multifacetadas), e dos sóis que sobem e descem, dia após dia e que, apesar de qualquer céu, iluminam ultravioleticamente as profundezas da nossa sombria existência.

Só o tempo, e mais nada e nem ninguém, é capaz de impôr, cessar, sugerir ou exterminar possibilidades. Cada sol e cada lua em nossa vida, meus amigos, é o holofote escancarado das possibilidades diante de nossas débeis intenções. E somos, intencionalmente dementes!

Devotos dos nossos sonhos mais loucos e, reféns inválidos (e esquálidos) das nossas mais inúteis impossibilidades. Ainda que, em algum momento da vida, com as luzes apontando direções mais serenas e claras, escolhemos caminhos desiluminados, por puro capricho aventureiro...

Pois somos desbravadores da nossa própria teimosia e, apenas por isso, caprichosamente malsucedidos na vida (exceto as exceções, é claro!). Somos aqueles que se frustram pensando e que, lá na frente se dão conta que, talvez, fosse melhor do outro jeito. E eram só dois, os jeitos.

Mas já não o são, porque, apesar dos caminhos bifurcados, pernas para uma trilha apenas. E lá longe, com os joelhos duros e barulhentos,  com o corpo rastejante, temos no jeito alternativo apenas um vislumbre. O mesmo cintilante e bijutário vislumbre do equivocado caminho primo.

Enquanto isso, o tempo, algoz das más escolhas, deleita-se com as rugas no rosto e com o irreversível fracasso estampado no rosto. Somos metade carne (a dor, insustentável, em cada terminação nervosa) e metade sonho (o afago, onírico, no corpo transcendental). E mais nada!

Razão, é ilusão....

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