Na superfície longínqua do mar
sem ondas, emergem sete bolhas, perfeitamente cilíndricas e oxigenadas. Estouram
em seguida, com respeitável vigor, diluindo-se anônimas na atmosfera. Essas
pequenas esferas de ar jamais encontrarão, por conta própria, um novo par de
pulmões.
Como quando tentamos, falidamente,
preencher, por absoluta e bem intencionada prepotência, os pulmões murchos dos
menos afortunados. Julgando-os incapazes. Não desinteressados, mas, incapazes.
De condições melhores de vida. E cidadania. Julgando-os, afinal, menos
afortunados.
Muitas vezes, ao longo da
vida, misturamos o conhecimento teórico à completa falta de bom senso e metemos
o bedelho na vida alheia, escoltados por um pedaço de papel timbrado, na
expectativa de salvar o mundo! Como se ele estivesse, justamente, à nossa
profética espera.
É de conhecimento geral que o
mundo, vem dando suas indiferentes voltas desde que, homônimamente, é mundo. E
muito antes do sujeito ter a epifania messiânica sobre as mazelas terrenas, ele
já não dava a mínima. E tentou alertar, mais de uma vez! Mas todo herói é teimoso!
Com sorte, essas inúteis
investidas trazem de volta não mais que algumas escoriações, físicas ou morais.
Noutras, menos tolerantes, torna-o pauta de caderno policial que, pragmático ou
lírico (dependendo da relevância em cifras), resume seu empenho em: “Morreu
tentando!”.
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