Surgiu da dispersão de uma
súbita nuvem de fogo, na alta cadeira de metal cromado à minha frente, do lado
de lá da mesa. No lado de cá, um par de assentos talhados diretamente do tronco
de um jequitibá ainda novo. Não eram confortáveis, mas, certamente, muito elegantes.
“Bem-vindo, jovem senhor, em
que posso ser útil?” – A pele excessivamente vermelha me causava a estranha
impressão do sangue fervilhando nas veias, buscando uma maneira de sair de lá.
Eu quase podia assistir, indiscretamente, os glóbulos afobados, correndo em mão
única.
“Dinheiro!” – respondi pragmaticamente,
tentando disfarçar meu estranhamento. “Sua primeira vez aqui, não?” – “Sim...” –
Não hesitei, deduzindo que tentar enganar aquele cara não traria benefícios aos
negócios. “E o senhor tem alguma ideia de como funciona nosso banco?”.
Eu não tinha nenhuma ideia de
como funcionava aquele banco de uma só agência, na parte baixa do centro da
cidade: “Não, não faço a menor ideia...” – “E o senhor precisa de dinheiro?” –
Transpirava um suor escuro, que manchava a camisa branca de botões e a gravata
vermelha.
Era um tanto grotesco, mas, eu não tinha escolha: “Sim! De muito!” – “Não se preocupe, temos de sobra! E como
pretende pagar?” – “A prazo!” – Ele riu da minha piada involuntária. “Pois
teremos prazer em conceder-lhe o empréstimo!” – E pirofajou num estalo o
contrato.
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