- Dá só uma olhada lá fora...
- É, acho que ficaremos o dia todo
aqui!
- Vai ser um longo dia...
- Alguma ideia de como passar
o tempo?
- Não sei, mas, se tivéssemos
uma televisão...
- Besteira! Deve ter algum
passatempo por aqui.
- Não. Só esses livros que,
francamente, já me cansei de ler!
- Podemos cozinhar!
- Só temos congelados...
- Veja a rua, está deserta!
- E quem se arriscaria nessa
tempestade?
- Fica bonita, sem o trafego
intenso e as pessoas...
- E se arrumássemos a casa?
- Não vai levar muito tempo...
- É mesmo um apartamento
pequeno. Muito pequeno.
- Quase claustrofóbico.
- Em dias normais, não parece.
- Em dias normais estamos lá
fora.
- Precisamos é de uma televisão!
- Podíamos comprar um desses
computadores que vêm com internet.
- Não saberíamos como usar
isso!
- É, acho que não...
- Quer saber? Acho que devemos ir lá fora!
- Nessa chuva, você
enlouqueceu!
- Sim, nessa chuva, vamos!
Tomou-a pela mão e desceu as
escadas do velho prédio no centro da cidade. Incomodaram-se com a água fria no início, mas, logo passaram a se divertir com as poças e com as cascatas dos telhados do comércio ao redor. Eram apenas um par de idosos
na chuva.
Aos poucos, toda a lamentação
que ecoava de cada um dos apartamentos do velho prédio, embaçando a vidraça
das janelas, diminuiu o tom, quase em constrangimento, até que desapareceu.
Depois disso, a rua ficou repleta de pessoas ensopadas que sorriam..
Nenhum comentário:
Postar um comentário