segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Dalva


Há um azul no céu que, de tão infinito e, tão insólito nos tons, confunde a direção do prisma de nossos olhos deslumbrados, e transforma o azul multitonal em um impenetrável negro. Uma escuridão tão profunda que me coça a curiosidade: Quê há por trás da cortina do céu?

Um espetáculo, certamente reservado apenas aos que ousam atravessar o breu do desconhecido, absoluto em seus mistérios. E nada, arrisco dizer, pode ser mais fascinante que o além-Terra. Neil, Buzz e outros dez. Só. Os heróis do quase. No fim, só discípulos de Laika.

Ninguém, na verdade, foi capaz de dizer dos mundos de lá. Nem Neil e nem Buzz. A pobre Laika ou meu amigo Cauê, com suas divertidas teorias extraterrestres. Verdade mesmo, por ora, é que a tela cupular que me expõe o infinito, exibe nada, senão dúvidas transcendentais.

Dúvidas que me instigariam ao salto do alto do Himalaia, se isso me guiasse em sua direção, mas, minha noção de gravidade e a enorme falta de ousadia conservam essa frágil armadura em terra firme. Pregada e trêmula. Trincada de perguntas e, também, refém de respostas.

Que não virão ou, ainda pior, tardarão ao derradeiro desfile no pacato prado, enquanto visto roupas brancas e leves, dançando entre feras e anjos, completamente dopado! O céu será, eternamente, um monumento ao meu fracasso. Tão interminável quanto indecifrável.

Gasto horas, o observando penetrantemente de soslaio. Lhe confesso meus pecados mais ocultos, na esperança de uma simples confissão: Quê guarda, por trás da cortina? - E é quando beiro a desistência, que me entrega ela, musa, alva, Dalva. Aí me renovo, à sua procura!

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