Há um azul no céu que, de tão
infinito e, tão insólito nos tons, confunde a direção do prisma de nossos olhos
deslumbrados, e transforma o azul multitonal em um impenetrável negro. Uma
escuridão tão profunda que me coça a curiosidade: Quê há por trás da cortina do
céu?
Um espetáculo, certamente
reservado apenas aos que ousam atravessar o breu do desconhecido, absoluto em
seus mistérios. E nada, arrisco dizer, pode ser mais fascinante que o além-Terra.
Neil, Buzz e outros dez. Só. Os heróis do quase. No fim, só discípulos de
Laika.
Ninguém, na verdade, foi capaz
de dizer dos mundos de lá. Nem Neil e nem Buzz. A pobre Laika ou meu amigo
Cauê, com suas divertidas teorias extraterrestres. Verdade mesmo, por ora, é
que a tela cupular que me expõe o infinito, exibe nada, senão dúvidas transcendentais.
Dúvidas que me instigariam ao
salto do alto do Himalaia, se isso me guiasse em sua direção, mas, minha noção
de gravidade e a enorme falta de ousadia conservam essa frágil armadura em
terra firme. Pregada e trêmula. Trincada de perguntas e, também, refém de respostas.
Que não virão ou, ainda
pior, tardarão ao derradeiro desfile no pacato prado, enquanto visto roupas brancas e
leves, dançando entre feras e anjos, completamente dopado! O céu será,
eternamente, um monumento ao meu fracasso. Tão interminável quanto
indecifrável.
Gasto horas, o observando penetrantemente
de soslaio. Lhe confesso meus pecados mais ocultos, na esperança de uma simples
confissão: Quê guarda, por trás da cortina? - E é quando beiro a desistência, que me
entrega ela, musa, alva, Dalva. Aí me renovo, à sua procura!
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