quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Eu aposto!



Dedicado ao Sr. Tasca que, excepcionalmente nessa noite, não pôde comparecer!

Não pela certeza da vitória, mas, pelo prazer do desafio! É claro que não um prazer efêmero que evapora no instante da oferta, então, aposto também pela vitória, e quem não? Mas repito, não pela certeza, aliás, exatamente, pela incerteza dela! É essa insegurança que coça!

Tremo os lábios e perco o olhar nos cantos vagos da sala, faço de tudo para dissimular a total falta de confiança nas cartas da mão (já que nada na manga), e imputo nas fichas a absoluta responsabilidade de convencer os oponentes que não estarão à minha altura nessa rodada.

A verdade é que tenho um problema com jogos. E nenhuma vergonha na cara! Escrevo displicentemente na testa: “Tenho um sério problema com jogos!” – Mas nada grave, apenas os adoro na mesma proporção que detesto perder. E tenho uma explicação bem mais serena:

A derrota me causa um certo desconforto, sabe? No ego! E é só isso! Não é que eu não saiba perder, pelo contrário, tenho o maior respeito! Só não tolero gozação quando meu orgulho é violentamente ferido pelo fracasso! Se perdi, fica na sua ou te corto a jugular nos dentes, ok?

Um sentimento comum. Nada com o que se preocupar, estou certo? Ou somos todos nobres competidores que reconhecem e aplaudem, fora do pódio, os vencedores? Balela! Contra esses nem quero jogar! Vitória boa é aquela que escancara a derrota no rosto do perdedor!

Sem gozação! Jamais! O orgulho próprio se encarregará de maltratar o perdedor na medida certa! Por isso me lembro, já com alguma nostalgia, de um tempo onde a jogatina era sagrada. Com local e hora marcada, religiosamente. Pôquer de quarta. Álcool, petiscos e toda a leveza!

Além das apostas! Nada mais que um bando de perdedores tentando arrancar dez ou quinze reais dos amigos. Um preço simbólico, claro, mas o capital mais bem investido do ano passado, afirmo convicto! Só que o tempo passa, as coisas mudam e tomam outras direções.

Sobra só a memória e, involuntariamente, uma vontade absurda de rir. Fica no ar a possibilidade da retomada. Outro dia, outro lugar, quando der. E até que seja, meto a cartola na cabeça, decepo o vinho e ofereço a torre de fichas. Quando quiserem, parceiros, sou All In!

Um comentário:

Slope disse...

Looooseeerrrr!!!