Dedicado ao Sr. Tasca que, excepcionalmente nessa noite, não pôde comparecer!
Não pela certeza da vitória,
mas, pelo prazer do desafio! É claro que não um prazer efêmero que evapora no instante
da oferta, então, aposto também pela vitória, e quem não? Mas repito, não pela certeza,
aliás, exatamente, pela incerteza dela! É essa insegurança que coça!
Tremo os lábios e perco o
olhar nos cantos vagos da sala, faço de tudo para dissimular a total falta de
confiança nas cartas da mão (já que nada na manga), e imputo nas fichas a
absoluta responsabilidade de convencer os oponentes que não estarão à minha altura
nessa rodada.
A verdade é que tenho um
problema com jogos. E nenhuma vergonha na cara! Escrevo displicentemente na
testa: “Tenho um sério problema com jogos!” – Mas nada grave, apenas os adoro na
mesma proporção que detesto perder. E tenho uma explicação bem mais serena:
A derrota me causa um certo desconforto,
sabe? No ego! E é só isso! Não é que eu não saiba perder, pelo contrário, tenho
o maior respeito! Só não tolero gozação quando meu orgulho é violentamente ferido
pelo fracasso! Se perdi, fica na sua ou te corto a jugular nos dentes, ok?
Um sentimento comum. Nada com
o que se preocupar, estou certo? Ou somos todos nobres competidores que
reconhecem e aplaudem, fora do pódio, os vencedores? Balela! Contra esses nem
quero jogar! Vitória boa é aquela que escancara a derrota no rosto do perdedor!
Sem gozação! Jamais! O orgulho
próprio se encarregará de maltratar o perdedor na medida certa! Por isso me
lembro, já com alguma nostalgia, de um tempo onde a jogatina era sagrada. Com local
e hora marcada, religiosamente. Pôquer de quarta. Álcool, petiscos e toda a
leveza!
Além das apostas! Nada mais que um bando de perdedores tentando arrancar dez ou quinze reais dos
amigos. Um preço simbólico, claro, mas o capital mais bem investido do ano passado,
afirmo convicto! Só que o tempo passa, as coisas mudam e tomam outras direções.
Sobra só a memória e,
involuntariamente, uma vontade absurda de rir. Fica no ar a possibilidade da
retomada. Outro dia, outro lugar, quando der. E até que seja, meto a cartola na
cabeça, decepo o vinho e ofereço a torre de fichas. Quando quiserem, parceiros,
sou All In!
Um comentário:
Looooseeerrrr!!!
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