sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Um Filme Ruim de Vez em Quando


Às vezes é bom, para dar uma variada, assistir a um filme ruim no cinema. Antes eu achava que não, que o tempo era muito precioso e que meu intelecto merecia mais! Que bobagem! Filme ruim é exercício mais estimulante que as elucubrações óbvias de uma obra prima.

Faz bem, para a preguiça que paira, o esforço em entender “onde diabos o diretor pretendia chegar”. E praticar o senso crítico, de vez em quando. Mas cinema, sempre na telona! Não se arrisque a um filme ruim no conforto da TV que o controle está logo ali. Dedicação absoluta!

Estive há pouco no cinema. “Paris-Manhattan”, exemplo perfeito de um ótimo filme ruim. Ótimo porque uma pena, a premissa era boa: Uma mulher obcecada pela sétima arte e, especialmente, por Woody Allen. Solteirona convicta, família disfuncional e par antipríncipe.

O mote principal é a família tentando arrumar um marido para a protagonista enquanto ela escuta, no silêncio do seu quarto, conselhos em off, extraídos dos filmes do Woody Allen, narrados pelo próprio. Podia funcionar, se não esbarrasse em tanta falta de dinamismo.

Comédia romântica. O anticinema do bom cinema. Difícil tirar boa coisa daí! Comédia romântica francesa. Acho que não dá... Francês é muito bom no romance, é muito bom na comédia, só que talvez não tenha aprendido a misturar as coisas ainda. Por isso, que pena!

Saí da sala frustrado. Eu, e quem estava comigo. Tentando descobrir a razão dos personagens secundários (alguns, tão misteriosos, que surgiram e desapareceram da mesma forma) e, acima de tudo, tentando entender como foi que Woody Allen topou participar dessa salada!

A diretora, Sophie Lellouche, não tem nenhuma expressividade na área já que debutou com "Paris-Manhatan". O oposto poderia justificar o interesse de Woody. O próprio Woody não tem nenhuma participação na produção do filme. Talvez uma simples homenagem ao artista.

Mal sucedida e destemperada. O tipo de filme que acabará eliminado da minha memória. Mas indispensável no hall dos bons filmes ruins. Aqueles que poderiam ter chegado lá, se não tropeçassem nalgum lugar entre as letras do roteirista, a lente do diretor e os cortes do editor.

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