sábado, 7 de janeiro de 2012

Clichê 2.0


Venho tentando. Com todas as invenções estapafúrdias que a situação pede, insisto, venho tentando. Mas ô coisinha difícil de ser essa que me consome no ócio e nalgumas horas de sono. Nem o porão escuro da minha cabeça notívaga tem tido êxito. Apaguei!

Todo mundo ao redor chegando lá, procurando aqui, esperando acontecer ali e, de uma forma ou de outra, cedo ou tarde, de mãos dadas com a coisa, esfregando-me na fuça o sucesso da operação. Daí eu aceno, tapado e só, a competência magistral de perder o passo na estrada.

Caminhando vendado, vendido a uma ilusão sólida que construí desatinado nos últimos tempos. Lá se foi minha alma, no encalço da inocência. O encanto das bobeiras pequenas, diminutivas, das frescurinhas pares que não faziam qualquer sentido, embora tão sensatas.

Quando outra vez? Amanhã! Logo! Ainda hoje, talvez... Nas telas (grandes e pequenas), nas praças e nos corredores mal iluminados dos passeios públicos. Qualquer lugar que não aqui, dentro de mim. A angústia pela ausência do que pretende não mais vir...

E que não virá mesmo, pelos olhos preguiçosos da visão ou pelas orelhas surdas do cochicho. O coração que hesita em palpitar mais forte que os cento e quinze pulsos por minuto. Nenhum deles voltado ao passado remoto e doce dos cento e cinquenta e quatro suspiros.

Há quem espere. Quem me espere. E quem siga remando adiante, feliz, aquém da minha incompetência para o nado. Pois, lhes digo, nenhum metro a frente vale mais que o próprio. E a felicidade alheia é também a minha, eu diria, se minha triste sinceridade permitisse.

Mas me deixe de canto que passa. Essa debilidade para a sustentação do corpo, físico e mental. Frescura pouca essa da necessidade do abraço, do afago sutil na porta do bar. Do elogio ébrio ao talento primo à exclusividade. As mentiras brandas que deveriam confortar.

Mas nada, nenhuma palavra ou gesto serve de consolo à ausência do etéreo impreenchível. Porque há terra demais soterrando o passado. E um futuro profundamente desprotegido, que suplica pela proteção arenosa à semente da surpresa. “A Deus pertence”, pois, longe de mim...

Ofereço então um brinde! A todas as minhas frustrações e ao meu espírito derrotista. A esse talento nato para o fracasso. E, principalmente, ao medo. De ir adiante, disposto a falhar, mas, da mesma forma, de desistir de vez, fazendo deste suplício o último. Saúde!

Um comentário:

Tateana disse...

Tamo junto. Super junto. Sempre junto!