Nada! Agita o corpo como pode
e prende a respiração. Não para! Sacode os braços e as pernas. Resiste até que
a cãibra o vença. Dance os membros na grande sopa oceânica e nada! Nada pela
vida, meu chapa, senão da vida sobra nada! E não se nada no nada. Se faz é nada
lá!
Tem pulmão? Nada! Estufa o
peito feito bexiga e deixa a cargo da maré. Desiste não, que para chegar ao
chão tem água a beça. E tubarão. É fundo. O buraco do mundo é fundo e frio. E
solo bom é linha reta. Lá mais longe que a vista vê! Rema esse barco de si que
é só o que te resta.
E “só o que te resta” é tudo o
que você tem! Não pense que é pouco. O pouco que sobra ainda é um tudo. E tudo
é nada, ao contrário. Nada! Se já nadou isso tudo, nada mais! Nada para frente,
não olha para trás. Que o passado te traz, âncoras de ferro. E memórias
enferrujadas.
Lembranças frescas do
naufrágio. Teu barco pesava e não aguentou. Agora é contigo. Nada leve, marujo!
Sem nada. A terra firme te aguarda, lá na ponta do horizonte. Aguenta firme e
nada, que a tormenta úmida do mar, será coisa mínima na ilha aonde o corpo irá
se renovar.
Pensa que é o único jeito. De
ter chão. Repita em mantra que: Cada braçada a mais, é uma braçada a menos. Mantenha
o prumo, nadador, que logo desponta um micro ponto verde nessa imensidão azul. E
aí, é logo ali. Bem junto de onde estamos todos. Secos, sãos e salvos.
Um comentário:
Nadinha...
Postar um comentário