terça-feira, 10 de julho de 2012

A Parábola da Sequoia (ou a Parábola do Se Caio)



Pretendi devanear sobre os limites do conhecimento e tenho cá o meu, que é justo. Pensei na parábola perfeita, aquela do desprendimento do solo, de alçar voos cada vez mais altos e em todas as direções, buscando um tal de conhecimento livre (das rotas, estradas e semáforos).

Li sobre as sequoias, e todo esse gigantismo natural e ilimitado delas. E, no fim, a parábola é boa, vejam só: As sequoias germinam do solo virgem, fecundo e fundamental. Espalham suas raízes sob a terra e não param de crescer. Depois delas, através delas, só por cima delas!

Sei que já está claro, mas, se eu reforçar a ideia, minha frustração se tornará mais divertida adiante: Chão é base. É alicerce fértil. O chão é a origem, ou o “úterus intelectus”. Sequoia é conhecimento, é vivência, o dia-a-dia experimental/experiencial da gente. Sequoia é ilimitada.

Aí, do alto da parábola, no cume da curva desaceleraria que aponta o desfecho para baixo (minhas parábolas partem sempre de baixo. Por que voltam para baixo), resta a nós, sermos... a natureza! E, naturalmente, não sou a natureza. Nem eu, nem você. Mesmo que vegetariano!

Na natureza, o homem vai ser sempre o homem. Dominante. No solo, vai plantar grãos ou pasto para gado. Da sequoia, fará casa e utensílios. É que, do homem, a natureza é vassala. Mas paro! Que o intuito é outro e militância ecológica é coisa de elfos, gnomos e unicórnios!

O que quero dizer, retomando a ideia de conhecimento é que, solo, apesar de base, é, também, profundidade. Eu humano, cercado de sequoias, vejo pouco se no chão. Troncos, folhas, terra, grama e muito pouco de quase nada. Abrangência? Só se escalando a titânica conífera.

Pois do alto, lá do topo dos cem metros, vejo o mundo e toda a natureza que se curva diante da imponência da sequoia. Minha visão atravessa o bosque e seus lagos, atravessa as cidades, os continentes, os oceanos e dá a volta ao mundo. Lá de cima eu vejo muito, de quase tudo.

Mas que conhecimento é esse que me apresenta todas as coisas tão pequenas e tão isentas de detalhes? Eu gosto dos detalhes! Ao subir a sequoia, metro a metro, adquiro mais conhecimento que no bucolismo panorâmico do topo. Ali, envergado, mal sei onde estou.

Talvez até pareça que eu não acredito no conhecimento ilimitado. Na verdade, penso que não dá para saber tudo, de tudo. E gosto de acreditar que algum dia me reservo só a aquilo que gosto, assumindo a burrice crônica ao que não interessa. Escalar uma sequoia, que trabalho, leva uma vida!

Mas agora que subi, olho para baixo pensando: E se caio? Se caio, são mais cem metros de conhecimento. E lá embaixo, todos os ossos quebrados, sei tudo o que preciso, sobre queda, sobre parábola, sobre a morte e sobre tudo, tudo o que me interessa. Se caio, é de cabeça.

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