Pretendi devanear sobre os
limites do conhecimento e tenho cá o meu, que é justo. Pensei na parábola
perfeita, aquela do desprendimento do solo, de alçar voos cada vez mais altos e
em todas as direções, buscando um tal de conhecimento livre (das rotas,
estradas e semáforos).
Li sobre as sequoias, e todo esse
gigantismo natural e ilimitado delas. E, no fim, a parábola é boa, vejam só: As
sequoias germinam do solo virgem, fecundo e fundamental. Espalham suas raízes sob
a terra e não param de crescer. Depois delas, através delas, só por cima delas!
Sei que já está claro, mas, se
eu reforçar a ideia, minha frustração se tornará mais divertida adiante: Chão é
base. É alicerce fértil. O chão é a origem, ou o “úterus intelectus”. Sequoia é
conhecimento, é vivência, o dia-a-dia experimental/experiencial da gente.
Sequoia é ilimitada.
Aí, do alto da parábola, no cume
da curva desaceleraria que aponta o desfecho para baixo (minhas parábolas
partem sempre de baixo. Por que voltam para baixo), resta a nós, sermos... a
natureza! E, naturalmente, não sou a natureza. Nem eu, nem você. Mesmo que
vegetariano!
Na natureza, o homem vai ser
sempre o homem. Dominante. No solo, vai plantar grãos ou pasto para gado. Da
sequoia, fará casa e utensílios. É que, do homem, a natureza é vassala. Mas paro!
Que o intuito é outro e militância ecológica é coisa de elfos, gnomos e
unicórnios!
O que quero dizer, retomando a
ideia de conhecimento é que, solo, apesar de base, é, também, profundidade. Eu
humano, cercado de sequoias, vejo pouco se no chão. Troncos, folhas, terra,
grama e muito pouco de quase nada. Abrangência? Só se escalando a titânica conífera.
Pois do alto, lá do topo dos
cem metros, vejo o mundo e toda a natureza que se curva diante da imponência da
sequoia. Minha visão atravessa o bosque e seus lagos, atravessa as cidades, os
continentes, os oceanos e dá a volta ao mundo. Lá de cima eu vejo muito, de
quase tudo.
Mas que conhecimento é esse
que me apresenta todas as coisas tão pequenas e tão isentas de detalhes? Eu
gosto dos detalhes! Ao subir a sequoia, metro a metro, adquiro mais
conhecimento que no bucolismo panorâmico do topo. Ali, envergado, mal sei onde
estou.
Talvez até pareça que eu não
acredito no conhecimento ilimitado. Na verdade, penso que não dá para saber
tudo, de tudo. E gosto de acreditar que algum dia me reservo só a aquilo que
gosto, assumindo a burrice crônica ao que não interessa. Escalar uma sequoia, que trabalho, leva uma vida!
Mas agora que subi, olho para
baixo pensando: E se caio? Se caio, são mais cem metros de conhecimento. E lá
embaixo, todos os ossos quebrados, sei tudo o que preciso, sobre queda, sobre
parábola, sobre a morte e sobre tudo, tudo o que me interessa. Se caio, é de cabeça.
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