Sou como os cem milhões de
brasileiros que não os trinta errantes: Odeio o corinthians! Sim, sou como cada
um destes cem que tem motivo nenhum ou qualquer motivo torpe para o ódio. Mas,
mea culpa universal, que motivo mais justo para o ódio que motivo algum?
Por isso então odeio, e é de
coração! Sincera e verdadeiramente odeio! Com intensidade maior, às vezes a
alias, que alguns de meus amores mais puros. Mas, nos dias de hoje, tornou-se
inútil e desisti de encontrar razão para isso. É apenas para ser assim e ponto!
Noutras ocasiões tentei
justificar o sentimento em alguns torcedores mais exaltados, depois pela marra
de um ou outro ídolo arrogante e presunçoso, aí a inveja pela imensa massa
apaixonada e, mais recentemente, a soberania sem fim sobre meu time.
A verdade é que no Brasil, o
clube do parque são Jorge não é um clube qualquer, é uma instituição nacional
que se escolhe amar ou odiar. Escolhi convicto o lado do ódio e não me
arrependo (rendeu muitas alegrias). Até que hoje me caiu a ficha do grande
dilema:
Libertadores da América! A
menina dos meus olhos, nossa eterna namoradinha agora em braços corinthianos,
dançando essa dança inédita em plena terceira idade. E o pior, envolvida nos
passos brutos e feios da retranca. E eu, enquanto isso, assistindo atado ao
baile.
Pois do contrário, para
estragar a festa, só se tango! E tango, apesar da beleza, não dá! Não outra
vez! Pois eis o maldito dilema: corinthians ou boca? Roto ou rasgado? Passei
algumas horas sem dormir (poucas, que tenho mais o que fazer!) pensando a
respeito.
Se corinthians, cai finalmente
meu último porto seguro e nada mais terei na manga para dissimular a
inferioridade atual do meu Soberano. Se boca, boca... Mais um argentino no
topo. Mais uma vez o pior deles. O cortinthians portenho e intercontinental.
Pelo menos no primeiro duelo,
paz. Pena que não dá para ser assim para sempre, pena! Hoje, mesmo se empate,
alguém leva a droga do caneco para casa. Dentro de instantes, logo menos. A
mim, resta pouco senão a anestesia do álcool e a esperança de dias melhores,
ano que vem.
Porque não há resultado que me
faça feliz essa noite, pelo contrário! Mas, contra os prognósticos, tomei uma
decisão: Vai curintia! Faça sua obrigação e sepulte de vez a birra que provoca
em todos nós, das outras delegações. Enterre o boca e toda a prepotência
argentina.
Vai curintia! Ser campeão da
libertadores, que o mundo está a seu favor. Vai curintia, pelos grandes amigos
errantes que aprendi a ter e porque não sei mais como lutar contra. Mas não se
esqueça, nunca e por favor, que meu cooperativismo hoje é só meio tempo no ódio.
Porque, de amanhã em diante, é
vai curintia, e você sabe bem para onde!
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