segunda-feira, 19 de março de 2012

A Vida dos Outros e Seus Problemas



Não existem vidas melhores ou piores, exceto, é claro, as que ESTÃO melhores ou piores que as demais. De modo geral, as vidas são apenas diferentes. E, vez por outra, pelos mesmos motivos. Aqui, ali e em qualquer lugar do mundo. Mais de sete bilhões de histórias diferentes.

Mas para cá, algumas poucas delas, que apenas justifiquem minhas afirmações óbvias. Afinal, não tenho vocabulário para tanto, e nem disposição. Vejo tudo muito de longe e, mesmo as conclusões que tiro dessas vidas são hipotéticas, como tudo na própria vida que não a morte.

Penso nos homens da cidade (homens e mulheres), ocupados das coisas pequenas, com tudo ao alcance, na conveniência vinte e quatro horas. E nos homens do campo, ocupados de si, vivendo a própria subsistência todos os dias da vida, como se uma grande perda de tempo.

Depois penso nos homens de outra cidade, vivendo da mesma forma globalizada e cosmopolita, mas, de um jeito completamente diferente em hábitos, esquinas e interação. São outras pessoas, noutro círculo de pessoas, e cada uma torna tudo absolutamente diferente.

Aí os homens do campo do além-cercado. De depois da fronteira e do lado de lá do oceano. Presos às mesmas regras milenares de arado, plantio, colheita e consumo. Mas cada um, à sua maneira de semear o solo faz da vida algo belo e lírico, um algo que é pessoal e intransferível.

Mesmo que igual a todos os outros lavradores, de todo o campo, em todo o mundo. Mesmo que os mesmos executivos, das mesmas companhias e com as mesmas gravatas. A vida dos outros é única como são os flocos de neve, as impressões digitais e as primaveras.

Com a diferença de, nas primaveras, as possibilidades se renovar a cada ciclo translacional. Enquanto que na vida, cruel, elas geralmente não se renovam, em percalços ou oportunidades. Assim, são como o voo dos flocos de neve, que se amontoam desfalecidos e derretem no solo.

Por isso as vidas apenas diferentes, nem melhores ou piores. Cada um com os seus problemas, do tamanho que o corpo aguenta. E nenhum que se institua universal nem ninguém no universo que não tenha problemas. Isso é da nossa rotina, como são as sementes e a gravata.

A particularidade do ser está em assumir seus problemas, mesmo antes de enfrenta-los e mesmo sem solucioná-los. Problemas? Problema seu... Não por displicência ou negação, mas, pela incompetência minha em acata-los, admitindo no coração a dor de outra vida que não a minha. 

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