domingo, 11 de março de 2012

Perdi a Mão



Perdi a mão. Esgotei de vez aquelas boas ideias rasas e agora nem mais o velho Buk parece capaz de me chacoalhar da pasmaceira. É esse maldito equilíbrio!  Não me lembro de ter requerido estabilidade emocional! Tentei resistir à inércia, mas, preguiça e bocejo, cá estou eu.

Sofá amassado, chá quente e controle remoto. Barriga mental esticando o elástico do crânio. Amoleço entre ressacas e flatulências. Me falta o estímulo, isso sim! E não conheço melhor incentivo que a desordem. Não sou de caçar queixas, mas, onde diabos elas foram parar?

Será que era isso? Só isso? Estar em paz e missão cumprida? É que me confunde essa paz que aquieta o pensar. Efeito avesso! Imaginava um sono profundo quando a paz me encontrasse, mas vem logo a insônia e mostra que paz é para os fracos e sono tranquilo é coisa de criança.

E quero dormir tranquilo sim, mas carregando todos os problemas que me comicham a alma pela impotência, pela incompetência e pela preguiça. Meu alimento! Mas despertar no alto da madrugada, sem sono e oco, é a tormenta que não quero. Como beber para dormir, tão fraco.

Aí eu tento me importar com mazelas que nunca me despertaram a atenção. Mas soa tão falso que logo desanimo. Tento restabelecer princípios antigos e é mais falso e estúpido, ao mesmo tempo. Já tinha desistido deles, não? Me arrisco à fé de hoje e acabo na TV, zumbi cibernético.

Isso porque perdi a mão. E o rumo, que ficou pelo caminho. Não para sempre, mas, tempo indeterminado. Não tenho manilhas ou cartas na manga. Se estou no jogo, é pela possibilidade do blefe. Inseguro de mim, confiante no maço e esperançoso do Straight, na próxima rodada.

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