sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dores da Nova Média


Tanta coisa ruim no mundo, né? Essas pragas todas, que acontecem cada vez mais com mais frequência. Cruzes! Anteontem um assalto na porta de casa, na minha calçada! Um garoto puxava a bolsa de uma senhorinha e gritava com ela, muito contrariado. Ela aterrorizada.

Não achei que estivesse reagindo nem nada, só congelada de medo pelas coisas que ele falava pra ela. Que ia matar e tal! Não era nem sete da manhã e o moleque não tinha mais de treze anos. Limpinho, com uniforme de colégio e tudo! Quem que desconfiaria? Ô raça!

Eu tava indo para minha massagem no meio daquele furdunço e, para não sobrar pra mim, fingi que não tava acontecendo nada, dei as costas mesmo! Só corri em disparada quando ouvi os tiros. Menina, era gritaria para todo lado. A velhinha morreu ali mesmo, tadinha. Deu até no jornal.

Ai, e o meu cabelo? Tá cheio de ponta dupla, todo ressecado... Mês passado vi na TV, um creme para as pontas que prometia os fios num brilho só. Comprei! Tinha lido que até aquela atriz loirinha usa, sabe? Nossa, foi pior que rasgar dinheiro, me senti roubada. Isso não se faz!

E aqueles carinhas que atearam fogo no ônibus lá no centro, você ficou sabendo? Foi em frente à boutique de Lu! Ela falou que invadiram a condução, nem esperaram o pessoal descer e saíram jogando bomba para todo lado, teve um senhor que queimou feio o braço, coitado!

E sabe a Leila manicure? Saiu do salão! Juro! Brigou com a Renée na frente de todo mundo. Agora vai abrir o próprio negócio! Disse que vai ser um ateliê de beleza, todo chique! Pior que minha unha tá um fiasco, preciso dela e não faço ideia de quem vai tirar minha cutícula até lá.

E já tô doida porque troquei de empregada, né? O filho da Dirce se meteu em encrenca lá no interior. Foi preso. Aí ela foi acudir. Dei uma semana e nada de voltar. Já dei as contas logo. Pensa que sou palhaça! Agora entrou uma nova, tenho que ficar de olho se some alguma coisa.

Mas o mundo tá perdido mesmo! Uma família inteira assassinada afogada dentro da piscina de casa! Absurdo! Parece que entraram para assaltar e um dos filhos (lutava jiu-jitsu) tentou reagir. Os caras amarraram todo mundo e jogaram na piscina. Uma barbaridade sem tamanho!

Tá tudo uma loucura, só atrocidade! Não dá mais para sair de casa sem ter uma notícia ruim. Credo! Aquela mulher que foi atropelada e arrastada vários quilômetros debaixo do carro. O sujeito que matou a avó para tentar ganhar o seguro. O estuprador do banheiro da rodoviária.

E o Maurício que não sabe onde guardou nossos passaportes! Ai, só dor de cabeça! A gente viaja para Paris semana que vem e estamos sem passaporte. Acredita num absurdo desses? Quero só ver como ele vai fazer! Não aguento mais problema na minha vida, sabe?

Fico pensando em como era mais fácil quando a gente não tinha dinheiro. Os problemas eram tão pequenos e raros. Acho até que a gente era mais feliz! Não tinha tanta violência, tanta desigualdade. As pessoas se respeitavam mais naquele tempo, se gostavam e ajudavam!

Ai Cris, deixa eu fechar o vidro que tá vindo um trombadinha pedir dinheiro. Já vou aproveitar e desligar que tô chegando no clube. Vou reservar nossa mesa lá no restaurante e te espero, mas vê se não demora, hein? Tenho pilates às três e meia. Beijo, tchau!

Um comentário:

Kayane disse...

kkkkkkk
boa, adorei fá!
muito bom!