domingo, 12 de setembro de 2010

O Bocejo e outras Coisas


Tenho tido coisas demais na cabeça. Todas ao mesmo tempo e confusas. Sem base nem conteúdo. Umas e outras elucubrações e epifanias baratas. E elas, todas, instantâneas e rasas, se bastam pelo simples gesto epifânico. Tenho tido preguiça, essa é a verdade.

Uma preguiça avassaladora do ato – inevitavelmente – humano de pensar. De concluir pensamentos e tomar partido das coisas. Esse medo senso comum de ser julgado, somado à necessidade da personalidade indecifrável, embora louco para ser compreendido. Antagônico.

Conservo dentro minhas ideologias, bem dentro e, pior que isso, abro mão delas. As filosofias profundas. Essas coisas que nos determinam. Penso pouco para não enfrentá-las. Sou raso por vontade própria, concluo assim. E talento intelectual não falta, sei disso. Mas sobra preguiça.

Falta estímulo e sobra preguiça. Falta vontade própria e sobra preguiça. Sou assim: Escrevo pouco para quem pretende a escrita como meio de libertação. Leio ainda menos, para quem pretende a escrita como meio de libertação. Não vivo os louros da paixão artística que assumi.

A essência da coisa é que me interesso pelo mundo, sem rédeas nem freios. Sou um pouco de tudo e pela natureza da generalização, sou pouco em tudo. Nada me define. Um pot-pourri de introduções. Boa companhia no elevador, potencialmente constrangedora em viagens longas.

Por isso a escrita tem sido um esforço à minha preguiça, uma luta silenciosa para cima desta casca dura e mal cheirosa de ferrugem nas minhas articulações. As cinco produções que oficializo no final de cada mês, representam outra coisa além das palavrinhas (des) ordenadas.

É documento registrado em cartório e, muito mais, é golpe fulminante na auto-cegueira às minhas habilidades. Tenho preguiça, de sobra e aflitiva. Tenho talento, uma porção e dá para o gasto. Só que agora venho tendo atitude também. Coisa nova para mim. Vem de bom grado.

Com isso, vou vencendo minha depreciação fabianista, bem homeopático. Alívio aos que insistem em tentar convencer-me dos dotes artísticos. Alívio maior ao que tenta ser convencido disso. Nova fase e ainda em processo compreensivatório. Há de passar.

Mas, ainda que turbulento de coisas novas e intimistas, me pego aceitando esse texto forrado de coisas. Coisas mesmo. Palavras ocultadas e substituídas por “coisa”. E não suporto palavras convertidas em “coisa”. Coisa é coisa nenhuma, oras! Mas hoje não! Hoje não me afeta coisa alguma.

Bom domingo!

3 comentários:

FELIPE (GONZO) disse...

Meu caro Fabianistico, acordando nesse horário depois de escrever agora só pode estar assistindo F1 e torcendo pelo nosso ilustre Massa, que depois de atanto repousar parece ter crescido o suficiente para se tornar um pão merecedor de um 3º lugar!

!!PARABENS PRA MIM 12/09/2010, COMPETO 27 ANINHOS E AINDA TENHO MUITA GORDURA PRA QUEIMAR!!

Just me disse...

OI, porque não escrever um livro...é só uma ideia...

Just me disse...

desculpe aí, podia visitar meu blog e dar-me uma dicas?