quarta-feira, 16 de junho de 2010

Masculinidade à Prova


Senhoras e senhores, um ídolo afinal de contas. Enfim um ídolo que me incentive a gastar linhas de inspiração poética e passional. Estou apaixonado! Não me constrange, por acaso, assumir aqui o amor de Platão por um ser do mesmo gênero. E não se trata de Brad Pitt. Não dessa vez.

Abro meu coração às claras por um homem que preenche os requisitos clássicos do anti-herói com pitadas anticristãs e uma generosa dose de pró-álcool. Escritor em crise, romântico bruto e um poço de sarcasmo. Tudo isso numa estrutura semi-decadente de colhões impulsivos. Mas apenas um personagem. Ficção. A garantia de sustentação à minha masculinidade.

Entretanto, não estou aqui divagando com a pretensão de fazer cerimônias. É que cabe, neste momento, a triunfal apresentação daquele que, na ficção é tragicamente bem explorado como o eu que pouco exploro. Um personagem criado dos delírios de uma cabeça qualquer que, sorrateiramente – e modéstia à parte –, andou estudando meus insólitos devaneios.

Um homem de discursos perspicazes e diretos, desprovido de bom senso social e capaz de suportar a violência feminina de rosto aberto – desde que renda uma sessão tórrida de amor casual – e ainda, transformar a surra em inspiração. O alter ego que almejo como primo ego.

Um Rocknroller sob medida. Se de um lado da moeda um ser humano degradante, do outro, um homem de princípios e punhos fortes. Há quem não se encante ou, é possível que haja, mas quem não o respeite é improvável. O tempero boêmio que há muito anda perdido.

Aquele cara que, mesmo afundado em misoginia exacerbada, não abandona a noção pura e romântica do amor dedicado a uma só mulher, um só par de pernas. O bom e velho homem de antigamente.

E também aquele que faz de Charlie Harper uma criança em alfabetização promíscua. Mas não só sexy appeal e perversão. Como eu disse, um escritor frustrado. Dotado de um talento nato, bukowskico, defende seus pensamentos subversivos até as entranhas contra a prostitutiva indústria americana de entretenimento. Um inconfundível artista de esquerda.

Mas, claro, sem levantar bandeiras nem assumir posturas político-ideológicas. O bom imoral. Pensando apenas no que é melhor para suas sensações momentâneas, sem pretensões sociais. Tudo é impulso nas ações do melhor anti-herói americano já produzido nos Estados Unidos.

E produto do universo masculino, exclusivamente. Como o batom da Lady Gaga ou qualquer extravagância assinada por Beyoncé, para as mulheres, Hank é o sonho de consumo dos homens. Não pelo que veste ou come, mas ele próprio, antropofagicamente. Dos pés à cabeça e virilidade debochada.

Gênio indomável. Babado por Hollywood e toda a Califórnia. Saudoso da Big Apple, sua doce Meca de inspiração e, também, a potencializadora da ruína aos valores mais tradicionais. Sua nostalgia aos bons tempos – talvez inexistentes – o humaniza e diviniza ao mesmo tempo.

Por tantos atributos e tantas semelhanças ao que nunca vou ser. Pelas inspirações que vieram e as que ainda virão. Pela fantástica magia ópia da ficção, da fantasia e do que queremos acreditar como possível, tenho hoje Hank Moody, meu herói.

3 comentários:

Má! disse...

Se eu não te conhecesse... rs

Anônimo disse...

Ahahahaha...você é tudo e mais um pouco.
Ah propósito. Ainda não ganhei...o que acha de me dar como presente de gravidez? Eis uma nova data para ganhar presente! Rá!

Slope disse...

Esperei assitir mais episódios antes de comentar... Hank Moody é inabalável no seu niilismo "with a boner" e por isso garantiu seu lugar na minha escassa lista de ídolos... God hates us all... so let's fuck and puch.