Tenho fome. Uma fome ruidosa e
minha barriga ronca no baixo cerebelo vibrando, impetuosamente, a caixa
craniana. Como se um aparelho celular no bolso. Me alimente! Apenas com comida
de cabeça que o corpo já adquiriu a flacidez segura de se manter em pé.
Quero repetir no cérebro a
sustância abdominal que exibo anteumbigo. Só quero que me leiam orgulhosos: “Tá
fortinho esse rapaz!” – E que irrompam a fome intelectual sem cessar o alimento
que expande os ossos da testa. Cabeção, para mim, é deus grego aos acadêmios.
Prefiro o alienismo do crânio
ao alienalismo da saliva viscosa no canto da boca. O sorriso estúpido emergido
do capítulo final da novela, eu dispenso. Entre Lopes, Aquino, Quaresma,
Paganelli, Ladeira, De Lucca, Egan, Basso e Romanini, eu só quero comer. E
lamber os dedos.
Apenas lambuzar a cara no óleo
do “me digam vocês, quanto vale a vida!”. Porque no alto da fome, que me aflige
madrugada adentro, não encontro delivery. E se, distante do prato, num dia ou
noutro, ronca a cabeça. E quando vibra a danada, apenas um jeito:
Alimentando-me!
Por isso reivindico,
mendigando nutrientes: Alimentem-me! Isolada ou coletivamente, banqueteiem-me
com o que têm a oferecer, pois, sozinho, morro de fome! Se querem saber,
confesso que, por conta, tenho mais sono que vontade de comer. Apesar da fome,
claro.
Pois fome é algo que não
passa. O corpo pede! Mas toda vez que, responsável pelo próprio alimento,
prefiro dormir e distrair o ronco até que amanheça! Já comendo fora, abro a
cabeça e mastigo as ideias que me oferecem. Saboreando com gosto um tempero que
não meu.
2 comentários:
Mas eu só tenho pizza sadia! Serve?
Hahaha, com catchup serve!
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