domingo, 5 de maio de 2013

Alimentem-me!




Tenho fome. Uma fome ruidosa e minha barriga ronca no baixo cerebelo vibrando, impetuosamente, a caixa craniana. Como se um aparelho celular no bolso. Me alimente! Apenas com comida de cabeça que o corpo já adquiriu a flacidez segura de se manter em pé.

Quero repetir no cérebro a sustância abdominal que exibo anteumbigo. Só quero que me leiam orgulhosos: “Tá fortinho esse rapaz!” – E que irrompam a fome intelectual sem cessar o alimento que expande os ossos da testa. Cabeção, para mim, é deus grego aos acadêmios.

Prefiro o alienismo do crânio ao alienalismo da saliva viscosa no canto da boca. O sorriso estúpido emergido do capítulo final da novela, eu dispenso. Entre Lopes, Aquino, Quaresma, Paganelli, Ladeira, De Lucca, Egan, Basso e Romanini, eu só quero comer. E lamber os dedos.

Apenas lambuzar a cara no óleo do “me digam vocês, quanto vale a vida!”. Porque no alto da fome, que me aflige madrugada adentro, não encontro delivery. E se, distante do prato, num dia ou noutro, ronca a cabeça. E quando vibra a danada, apenas um jeito: Alimentando-me!

Por isso reivindico, mendigando nutrientes: Alimentem-me! Isolada ou coletivamente, banqueteiem-me com o que têm a oferecer, pois, sozinho, morro de fome! Se querem saber, confesso que, por conta, tenho mais sono que vontade de comer. Apesar da fome, claro.

Pois fome é algo que não passa. O corpo pede! Mas toda vez que, responsável pelo próprio alimento, prefiro dormir e distrair o ronco até que amanheça! Já comendo fora, abro a cabeça e mastigo as ideias que me oferecem. Saboreando com gosto um tempero que não meu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mas eu só tenho pizza sadia! Serve?

Fabiano Malta disse...

Hahaha, com catchup serve!