domingo, 6 de maio de 2012

O Álcool no Sangue



Quando comecei a escrever, era sobre um pequeno casebre em Farellones, e tratava-se de um irrisório desabafo sobre o isolamento humano, num lugar gelado e muito longe daqui (Meu humilde paraíso). Mas, como os textos nascem na cabeça, antes dos textos, ficou para trás.

Agora, tudo o que tenho na mente é o prazer do álcool, dentro da minha corrente sanguínea, correndo mais desenfreado que um entusiasta da Fórmula Um! E o tema em vigor é Deus!  Minha segunda (ou terceira) obsessão. O alvo das minhas mais calorosas discussões.

Só que, vou confessar: Discussão apenas pelo esporte indefectível da retórica. É que gosto da argumentação inútil, tanto quanto de quiabo, temperando o intestino do boi. Mas, alcoolizado encaro, de braços abertos, qualquer temática inóbvia e soturna, a fim de alimentar minh’alma.

Porque não busco nada senão o perfume da desistência oponencial, que cede ao próprio argumento, fortalecendo o meu. Tanto que, desiste do próprio, para mudar o foco, dormir ou, apenas enaltecer meu ego debilitado e, eternamente carente do afago intelectual de todos vocês.

Discuto Deus não por Deus, mas, pela facilidade de estar fora do eixo cristão. Casto e cool! O moço descolado que, saca do contemporâneo e do clássico com a mesma facilidade que um chileno transita entre a marraqueta e a allulla (pressupondo que seja fácil distingui-las!).

O lado de cá e de lá que Neruda tanto afirmava em suas poesias (minha mais solene mentira, mas, já que, em terras Nerudenses, minha mais honesta verdade discursiva, assumindo que, entendo picas de Neruda, mesmo que introduzindo-o divertidamente à parentesal confissão!).

A arte da discussão está, exclusivamente, no talento para a argumentação. E tua razão, teus motivos e credo, é tudo coisa pequena, perto do álcool no sangue. A maré das coisas, portanto, é o álcool no sangue. Já estive no lado abstenho e, chacoalho-o: Beba às ocasiões!

A linha reta da sobriedade não salva! O céu e o inferno, os sorrisos e as lágrimas, estão todos na altura do teor fermentável (ou destilável) da dose, norteadores da vida viva. Discuto Deus porque detenho a vida e, detenho-a pelo álcool que me norteia, dentro dessas veias atéias.

Por isso meus argumentos são meros argumentos. Mas só até cinco, dez, quinze (ou mais) por cento de álcool dentro do organismo cru. Aí sou muito mais! Sou este que, sabido do nada dito, alimento-me disso. Pois, confiante do álcool, tenho em mim, a autoridade inabalálel do álcool.

2 comentários:

Diva disse...

Você anda lendo muito Charles Bukowski? Bebia muiiiiiiito mas escrevia muiiiiiiiito. Esse texto me lembrou um pouco dele, que també, discutia Deus.

Diva disse...

Você anda lendo Charles Bukowski?
Que bebia muiiiiito, mas escrevia Muiiiiiito. Esse texto, não sei porque me fez lembrar desse autor. ele também discutia Deus.