Quando comecei a escrever, era
sobre um pequeno casebre em Farellones, e tratava-se de um irrisório desabafo
sobre o isolamento humano, num lugar gelado e muito longe daqui (Meu humilde
paraíso). Mas, como os textos nascem na cabeça, antes dos textos, ficou para
trás.
Agora, tudo o que tenho na
mente é o prazer do álcool, dentro da minha corrente sanguínea, correndo mais
desenfreado que um entusiasta da Fórmula Um! E o tema em vigor é Deus! Minha segunda (ou terceira) obsessão. O alvo das minhas mais calorosas discussões.
Só que, vou confessar: Discussão
apenas pelo esporte indefectível da retórica. É que gosto da argumentação
inútil, tanto quanto de quiabo, temperando o intestino do boi. Mas, alcoolizado
encaro, de braços abertos, qualquer temática inóbvia e soturna, a fim de
alimentar minh’alma.
Porque não busco nada senão o
perfume da desistência oponencial, que cede ao próprio argumento, fortalecendo o
meu. Tanto que, desiste do próprio, para mudar o foco, dormir ou, apenas enaltecer meu
ego debilitado e, eternamente carente do afago intelectual de todos vocês.
Discuto Deus não por Deus,
mas, pela facilidade de estar fora do eixo cristão. Casto e cool! O moço
descolado que, saca do contemporâneo e do clássico com a mesma facilidade que
um chileno transita entre a marraqueta e a allulla (pressupondo que seja fácil
distingui-las!).
O lado de cá e de lá que
Neruda tanto afirmava em suas poesias (minha mais solene mentira, mas, já que,
em terras Nerudenses, minha mais honesta verdade discursiva, assumindo que,
entendo picas de Neruda, mesmo que introduzindo-o divertidamente à parentesal
confissão!).
A arte da discussão está,
exclusivamente, no talento para a argumentação. E tua razão, teus motivos e
credo, é tudo coisa pequena, perto do álcool no sangue. A maré das coisas,
portanto, é o álcool no sangue. Já estive no lado abstenho e, chacoalho-o: Beba às ocasiões!
A linha reta da sobriedade não
salva! O céu e o inferno, os sorrisos e as lágrimas, estão todos na altura do
teor fermentável (ou destilável) da dose, norteadores da vida viva. Discuto
Deus porque detenho a vida e, detenho-a pelo álcool que me norteia, dentro dessas veias atéias.
Por isso meus argumentos são
meros argumentos. Mas só até cinco, dez, quinze (ou mais) por cento de álcool dentro
do organismo cru. Aí sou muito mais! Sou este que, sabido do nada dito,
alimento-me disso. Pois, confiante do álcool, tenho em mim, a autoridade inabalálel do
álcool.
2 comentários:
Você anda lendo muito Charles Bukowski? Bebia muiiiiiiito mas escrevia muiiiiiiiito. Esse texto me lembrou um pouco dele, que també, discutia Deus.
Você anda lendo Charles Bukowski?
Que bebia muiiiiito, mas escrevia Muiiiiiito. Esse texto, não sei porque me fez lembrar desse autor. ele também discutia Deus.
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