quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os Amores Imaginários de Xavier Dolan


Depois de uma fracassada tentativa de escrever sobre dez filmes em uma mesma crítica, volto bem menos pretencioso, e apoiado na facilidade em dissertar sobre “Amores Imaginários”, de Xavier Dolan. Um filme fantástico, e chego lá, mas Xavier, um menino, simplesmente gênio!

Quando me comprometi ao filme de hoje, para tirar o atraso das telonas, apenas acessei a página do cinema e escolhi qualquer filme estrangeiro que pudesse me surpreender. Para diminuir os riscos, vi o trailer e, como sempre, me vendi ao prelúdio de um minuto e meio.

Mas ainda não sabia se tratar de Xavier, nem o reconheci no trailer. Embora já o conhecesse de “Eu Matei a Minha Mãe”, filme de 2009. E de quando o tal menino (diretor e protagonista) tinha vinte aninhos. Na época um algo me chamou muito a atenção na condução do filme.

A forma diferente e clíptica de enquadrar as cenas. O cenário, de modo geral, é muito intenso, em cores, figurino, objetos e toda a composição. Em “Amores Imaginários”, filmado um ano depois, o conceito se concretiza. Xavier consegue reinventar a forma sem mudar as regras.

Seus filmes em si não são diferentes do que já vimos mais de uma vez, nas lentes dos grandes e pequenos da sétima arte. Mas a sutileza com que ele consegue impor um novo olhar, decididamente mais moderno, restabelece a paz ao instável futuro cinematográfico.

Por isso exalto Xavier Dolan a mártir de uma geração de cineastas que ainda estão por vir. Aos vinte e dois anos já dirigiu três filmes “(Laurence Anyways” aparentemente está por vir) e em pelo menos dois, garantiu-se três degraus acima da média produzida por aí ultimamente.

Obviamente não se trata de uma nova ordem de filmes, mas Xavier encabeça uma das mil e uma vertentes que o cinema oferece. Pela brilhante sensibilidade de enquadramento, pela precisa sobreposição da trilha sonora (mérito dele por dedução minha) e ainda mais.

Pela delicadeza em tratar a sexualidade com a simplicidade natural do homem. Homo ou hetero. Sem a pretensa rebeldia do homo ou a exacerbada vulgaridade do hetero. Sexo como é: Desengonçado, sensual, inseguro, selvagem, doce e humano. Simplesmente humano, afinal.

Dolan não defende sua sexualidade nos filmes, mas a sexualidade nos filmes. E cores. E referências pop e dinamismo. Sim, há um dinamismo em seu roteiro, claro e meticuloso. Textos fortes, ácidos. As cenas se fundem em áudio e vídeo, invadindo-se deliberadamente.

Mas ah, “Amores Imaginários”! Como forma de redenção e sem nenhuma pretensão... Creio que tarde demais! De qualquer forma, o filme é apenas uma obra impecável, indispensável aos que respeitam novas formas de reinventar o conhecido. E nada mais que isso!

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