sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Lugar do Passado



É agora! Sem cerimonias, afirmo, com todas as letras, que o lugar do passado é o presente. E digo, ainda, com toda a plenitude alcoólica que, temos no presente muito pouco do presente e quase nenhum futuro. Além do passado. Que nos constrói, molda e apresenta.

Sou exclusivamente o que fui. E só! O que sou hoje é tão volátil que só se tornará sólido quando eu deixar de ser e quando, afirmadamente, puder ter certeza de que, não sendo mais isso, fui, algum dia. Essa é a magia do ser. De ser. Estou quem sou hoje porque tenho passado.

E vou além, antes de chegar onde quero chegar com esse pequeno devaneio. E por isso encerro a metalinguagem e qualquer subtendimento, reconfirmando a noção de que o ser humano não é, está! Porque ser qualquer coisa é pequeno demais para a imensidão humana.

Por isso estou! Onde quer que eu esteja nesse momento da vida, apenas estou. Não sou capaz de ser. Porque ser é etéreo demais para o ser. O ser é maior e migra. Transforma-se. Muta. Evolui a cada grão de conhecimento acumulado. E é bom entender o mundo que nos cerca.

Agora chego onde quero chegar. “E.T”! Estou assistindo à pérola de Steven Spielberg nesse exato momento. Repito: NESSE EXATO MOMENTO! – E pela vigésima vez, mas, também, pela primeira vez em quinze anos. E quer saber? Mil coisas me passam pela cabeça agora.

E agora é o presente. E no presente, lembro-me pouco do passado. Lembro-me nada que Elliot tinha um irmão mais velho. Confesso, inclusive, que sequer lembrava que Elliot chamava-se Elliot. Lembrava-me apenas de Drew Barrimore. E hoje, Drew é uma criança, perto de mim.

Mas recordo, com absoluta memória infantil, que “E.T” me transformou. Spielberg (gênio sepultado) está em mim, lá dentro. Não me lembrava de como Elliot ganhava a confiança do pequeno alien, nem de Erika Eleniak. Mas, minha doçura nasceu ali. Além da Terra da Magia.

Que não vem ao caso. O voo da bicicleta e a lua. Inesquecível. Nesse exato momento na tela, e renascido em mim. Gosto do passado, de entender o presente. Gosto de lembrar de quando a vida era tão parnasiana que entediava. De quando “E.T” ocupava meus neurônios virgens.

Hoje é memória, e por isso, quem sou. Não estou mais “E.T”, hoje sou “E.T”! Convicto, limpo, livre, feliz. Irrecuperável porque, “E.T” e mil coisas mais. A infância passa e a inocência vai embora com ela. A fantasia, você bem sabe, passa. Spielberg, se você cresce, passa junto.

Mas se você, trinta anos nas costas, não chorou pelo crisântemo murcho, tem, na verdade, poucos motivos para chorar hoje. Dane-se se já se foram seus avós, seus pais ou seu cachorro. Lágrimas florais são imprescindíveis! Por isso, empurro a gota guardada em mim para fora.

In Memoriam!

2 comentários:

Ruiz Aquino disse...

Penso se ser não seria grande demais para a pequeneza humana... No mais, estamos, juntos!! Obs.: Sou o visitante nº12...007!!!

Fabiano Malta disse...

Somos mesmos tão pequenos, mesmo nesse planetinha? Ao menos aqui qualquer grandeza!
E hahaha para a cabala!