quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Coronel Nascimento: O Cavaleiro das Trevas


Saí agora de Tropa de Elite 2. Tão agora que talvez até esteja na sala ainda, juntando grãos de M&M´s que rolaram pelo chão. Estou extasiado (e vencido pela porção de confeitos de chocolate maior que minha gula). Extasiado porque o filme é uma obra densa e complexa.

O filme e o próprio Roberto Nascimento, agora promovido a Coronel. Outra roupagem para quase outro personagem. Ainda melhor. O Cel. Nascimento deste filme, já consagrado como o grande super-herói da ficção nacional, tornou-se completo com o segundo volume do filme.

Se antes, um bloco maciço e indestrutível de titânio, agora reflexivo e frágil ao reconhecer os limites da sua força. E fica fácil entender a trajetória do personagem (enquanto consolidação heróica) se considerar a construção de um super-herói tradicional. De Superman a Batman.

Quando surgiram, não tinham maior atributo que a invencibilidade. Tomavam seus sopapos e pontapés, mas, acabavam vencendo seus duelos, invariavelmente. Com o questionamento dos fãs, esses personagens foram se humanizando e adotando conflitos existenciais. Fraquezas.

Para o Cel. Nascimento não foi diferente. Em Tropa de Elite 2 o policial militar é, também, humano. Claro, sua carcaça titânica ainda permanece tão espessa quanto no primeiro filme. Mas aqui o soldado chora. E carrega toda a nação com suas aflições, difícil não compadecer.

O roteiro do filme é complexo (mas não confuso) e muito bem engendrado. Salvo a artificial narração da abertura e os momentos onde se confunde o que acontece com o que o Coronel esperava que acontecesse, o diálogo é impecável e vibrante. Flui bem do pesado ao divertido.

Não sei se melhor que a grande obra (na minha humilde opinião) que é Cidade de Deus, mas, indiscutivelmente melhor que o primeiro capítulo dessa história particular de guerra. Tropa de Elite 2 é um dos raros exemplos de superação na continuação. Me surpreendeu e convenceu.

De dispensável fica apenas o merchandising, cada vez mais embutido descaradamente nas obras nacionais. Fonte necessária de patrocínio, talvez. Mas precisam descobrir um meio de diluir a poluição publicitária entre os takes. Tropa dispensava, se pagará em bilheteria.

E o infalível Nascimento, mesmo com toda sua falta de moralismo e seus preconceitos pós-conceituados (é a história sob a ótica dele, afinal) também conquista com seu carisma de anti-herói turrão. Padilha acertou, Moura idem. Item de coleção. Próxima parada, DC Comics!

2 comentários:

Tateana disse...

I agree!

Marilia Vasconcellos disse...

Bem, concordo em relação à continuidade e no caso da ficção, o filme é muito bom. Mas, chamo a atenção para o fato de que o BOPE existe, e que essa barbárie faz parte de um fluxo de violência viciosa presente na sociedade. Aplaudimos esse massacre, vestimos a camisa, compramos o álbum de figurinhas!! E colocamos no altar figuras que possuem o mesmo comportamento que os bandidos, voltamos ao olho por olho e dente por dente. Entende? A policia é corrupta, é um motivador da violência e gerador de bandidos! O buraco é mais embaixo, querido amigo, e a reforma não vem na porrada. E o reflexo disso tudo se mostra lá na própria favela, onde as pessoas se embalam e escutam no rádio a música remixada do própio veículo negro que aterrorizava as pessoas e crianças na rua! Isso tudo é pão e circo...infelizmente!