sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Moribundo




- Boa noite, sou o doutor Amin.

- Ai... Oi doutor.

- Então, como você se sente?

- Mal, muito mal...

- Sente o quê?

- Que vou morrer!

- Hmmm... Seja mais prático, onde dói?

- No corpo todo. Uma fraqueza muito grande, calafrios profundos, mal consigo enxergar.

- Entendo...

- O que o senhor acha?

- Que não deve se preocupar!

- Ah, não é grave?

- Não sei, mas digo que não deve se preocupar com isso.

- Com qual isso?

- A morte, oras!

- Ãh?

- Você vai morrer, relaxe. Me pareceu que é isso que te preocupa!

- Não, não relaxo! Morro já?

- Talvez. Ainda não sei! De qualquer forma, cedo ou tarde!

- Mas não quero morrer, doutor!

- Acredita em Deus?

- Claro que sim!

- Ótimo! Converse com ele, talvez possa te ajudar. Eu não posso!

- Mas que desaforo, eu pago convênio!

- Paga sim. Mas não pela imortalidade.

- O que é isso? Me respeite, o senhor tem obrigações!

- Tem razão, tenho! Sua vida não é uma delas!

- Então o quê?

- Sei lá, a minha?

- Doutor, por amor em Deus, me ajuda! Preciso sair dessa! Serei uma pessoa melhor...

- É mesmo? Continue...

- Um marido melhor, um pai mais dedicado, um trabalhador mais esforçado!

- Promete?

- Tão logo melhore!

- Tenho aqui seu prontuário...

- E o que te parece?

- O que me parece?

- Sim, me diga logo de uma vez!

- Me parece gripe, meu jovem!

Um comentário:

Anônimo disse...

KKKKKKK! Chorei largada! Adoro diálogos, e este então foi sensacional! O que é a vida diante da morte, não? A gente passa até a viver!