domingo, 30 de outubro de 2011

Respeitável, Público

 
Olá domingo, olá cinema! Dia de colocar os pensamentos no lugar, as frustrações. Dia de se organizar para a semana que já chegou, abençoada no meio por um feriado que acabará como este domingo: Em cinema! E o que é que se tem para hoje: Pipoca, picadeiro e o Palhaço!

A nova peça fílmica de Selton Mello, direção e protagonização, é uma pérola, extraída delicadamente da ostra do óbvio. A história se passa em um interior mineiro da década de setenta (talvez) e narra o cotidiano de um pequeno circo onde Mello é o Palhaço-proprietário.

Insatisfeito com sua indefectível sina, Benjamin (Mello) começa o filme na rotina das suas apresentações com a trupe em cada cidadezinha que cruzam pelo caminho. Ele, como Pangaré e o pai/sócio, como o Palhaço Puro-sangue (Paulo José), lideram o modesto espetáculo.

O descontentamento está claro desde o início, mas, a magia da obra vem depois. Enquanto o dilema existencial nos é exposto cena a cena, o filme destila um excesso de pretensão que só os menos impacientes conseguem conceber como necessário ao contexto do personagem.

Fica evidente, de um momento específico em diante, que a falta de paixão do palhaço (que parece ser de Mello, ator e diretor) é a transparência absoluta da crise vivida por Benjamim. Enfraquecido pela falta de perspectiva e pelo desgosto à vocação (inerente a ele) pelo picadeiro.

Até que se rompa a burocratização do óbvio dilema do palhaço infeliz o filme não apresenta mais que uma bela fotografia rural e uma estranha obsessão do protagonista por um ventilador. Daí o aparente pretenciosismo barato. Mas eu queria que o filme fosse algo mais!

Por isso que quando Benjamim chega a Passos, o filme realmente caminha e ganha status de obra. Porque o sentimento ganha profundidade, e o personagem (e o ator e o diretor) ganha sentimento, e o filme ganha profundidade. Mas não entro em detalhes, não sou de fofoca.

Mello propôs divertidas participações como o irmão Danton, Ferrugem e um irreconhecível Jorge Loredo (ou Zé bonitinho) que, aliás, contribui precisamente para o ápice de Benjamim, enquanto conta algumas piadas na mesa do bar! É lá que o Palhaço sana de vez suas aflições.

A expectativa para O Palhaço era alta, justamente por isso o medo do fracasso tanto quanto. Mas por ironia de um típico domingo de sentimentalismos pessoais, de crises de passado, de presente e de futuro, a identificação foi total e a satisfação, confortavelmente, também.

2 comentários:

Má! disse...

gostou da profundidade heim! ta repetido!

Mas eu tenho uma teoria da representação desse ventilador na historia toda. Não como um objeto, mas um objetivo! o Alivio, a liberdade, os anseios dele de um mundo diferente do circo.. representado por um objeto que geraria "mudanças". por ae!

Beijos barbudo

Fabiano Malta disse...

Não tão profundo assim, mas, bem mais fundo que o raso!

Boa definição do ventilador, tive só a impressão do reto. Um algo que o fizesse atinar novamente. Que reacendesse a ambição por algo... Que o ressucitasse!

Preferi a sua, muito menos literal! rs

Bjos Cenoura!