Há muito que quero descobrir sobre
a hora certa de dormir. Já conversei, inclusive, com todo o tipo de gente:
Trabalhadores, vagabundos, insones, notívagos e as pessoas que dormem cedo demais
(que creio não possuírem designação própria). E cada um me diz uma hora ao ato.
“Depois da novela”; “Nunca”; “Na
hora do sono” e “ZzZzZz...” – Fico procurando essa hora cabalística na
esperança dela me salvar dos dilemas banais da vida. Aqueles que colocam o
futuro cada vez mais diante de mim, pesando-me as coxas no colo trêmulo e desvigorado.
Replico a todos eles que detesto
a hora de dormir, que é justamente a hora exata em que deito meus sonhos na
cama. Aí dormimos os dois, os sonhos e eu, em quartos separados. Ele no quarto
do esquecimento, eu no da pasmaceira e da preguiça. Durmo e tenho pesadelos.
Durmo a noite toda sob o sono
pesado da mediocridade. O sono do proletário médio que vive uma
vida-engrenagem, com os dentes gastos, patinando fora do eixo. Uma vida
sonolenta e cheia de queixas esquálidas. Sou um eterno refém dos bocejos
involuntários. Durmo muito!
No ponto. E esse é meu lugar
preferido para dormir. Durmo no ponto que o sono lá é delicioso, quase transcendental!
É onde durmo com mais competência, deixando a retração dos músculos e das
ideias dominarem minhas pálpebras e meus sonhos mais genuínos.
Passa da uma da manhã e é só
segunda-feira. Tenho um sono hibernal e não quero dormir. Gosto dos meus sonhos
em toda sua altivez. Pena a máquina, com tanta parafernália tecnológica, não se
engrenar sozinha. Eu só queria, ao menos, dormir com meus sonhos.
2 comentários:
Sei que é nerdice extrema e estranha.
Mas seu texto me lembrou disso:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho_l%C3%BAcido
Há um tempo tenho interesse em treinar este hábito.
Parabéns pelo texto! É o primeiro que li dos seus!
Igor
Você escreve cada vez melhor! Sou sua fã. Diva
Postar um comentário