sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sete Bilhões de Histórias



Gosto de contos, que são pequenas histórias. Porque gosto de histórias pequenas, que são do tamanho da minha concentração e talento. Não sou de gastar tempo demais, porque não me inspiram mentiras grandes, só as expressas, que pairam mais no ar e imaginação que na boca.

Mas gosto tanto de uma boa mentira curta (na dimensão e não nas pernas) que ainda hei de compilar as minhas nalgumas páginas amarelas, rabiscadas exclusivamente por um estimado artista. E que não seja essa uma mentira a mais. Na dimensão ou, por Deus, nas pernas!

Mas hoje me veio uma súbita luz! E é hoje mesmo, esse quarto dia de maio do ano de dois mil e doze, e tudo o que eu queria hoje era a graça de mais de sete bilhões de histórias. Histórias pequenas e de todos vocês que, durante o mesmo instante me diriam o que estão a fazer.

No escritório, no trânsito, no banheiro, no açougue, na cama, no jardim de infância ou colo da mãe. De pronto, queria saber o que fazem vocês, os sete bilhões e tantos de seres humanos que transbordam esse pequenino planeta. As aflições, superações, frustrações e aspirações.

Mas não as grandes coisas (passíveis de mentiras). Só as espontâneas, o agora! Porque quero a poesia escondida na coisa nenhuma. No nariz que coça e no medo do escuro. Que passa na cabeça de um bebê, assustado e recém-expelido do ventre quente e seguro da mãe?

Que pensa um velho com seus noventa anos, esquecido numa clínica de repouso? Que conclusão tira um autista de uma briga de trânsito? Ou um órfão adolescente? Um pai de família desempregado. Um estuprador e um estripador. Um padre sexagenário. Uma princesa!

Me contem vocês, detentores disso tudo! De cada uma dessas respostas e todas as demais. Que fazes você que faz nada além de respirar? Nem mesmo os vegetalizados fazem nada além de respirar! E é isso que me interessa: Os pensamentos que não interessam a ninguém.

Porque você não é feito do que interessa aos outros. Essa é apenas sua arma de aceitação. Funcional e necessária! Mas sua essência (o aquém dos autos ou fora da foto) é o que me vislumbra verdadeiramente e carimba sua autenticidade. Aquela bobeira displicente, a vida.

Então me envie (por texto, voz ou telepatia) seu último segundo e o anterior. Genial ou trivial. Você cru e despido! Pois ando meio cansado de mim (ainda que em traje de gala) e, portanto, disposto a mais de sete bilhões de histórias, inúteis como eu, mas, tão menos mentirosas.

2 comentários:

Fabiano Malta disse...

É disso que eu tô falando!

Anônimo disse...

http://cigarettesandcoffeee.blogspot.com.br/